quinta-feira, 31 de maio de 2012

Documentário "Expedição Lobo"

                                                   
                                                       http://www.rtp.pt/programa/tv/p28954
http://www.bbc.co.uk/pressoffice/pressreleases/stories/2011/07_july/08/intimate_natural_history.shtml#panel7

Tivemos a oportunidade de assistir anteontem a este documentário "up to date" exibido pela RTP que relata vários aspectos interessantes relacionados com o processo de recolonização lupina numa região dos EUA. Além de incluir cenários de grande beleza, este filme revela aspectos fascinantes da bio/ecologia da espécie e da problemática da sua coexistência com as populações rurais. A segunda parte deste documentário será exibida na RTP1 dia 5 de Junho às 22h30. Fica a dica.

terça-feira, 29 de maio de 2012

A importância ecológica do lobo e de outros predadores


Sugerimos a consulta deste artigo aconselhado por um amigo da Zoo Logical cujos dados apresentados muito esclarecem acerca do efeito regulador do lobo e outros carnívoros nos ecossistemas do Hemisfério Norte. Entre outras noções importantes, destacamos o facto de os efeitos da actividade cinegética sobre os herbívoros não serem funcionalmente equivalentes à predação exercida pelos grandes carnívoros e o papel desempenhado por estas espécies num cenário actual de rápidas alterações climáticas. 
Vale bem a pena a leitura.

sábado, 19 de maio de 2012

Uma espécie, dois continentes, duas perspectivas

Fonte da figura:  Mech, D., Boitani, L. Wolves: Behavior, Ecology and Conservation

A relação que o Homem estabelece(u) com o Mundo Natural tem sido objecto de estudo da Etnobiologia, ciência em que estão integradas disciplinas como a arqueologia, biologia, antropologia, semântica, etc. 
Num livro essencial sobre esta ciência -  Ethnobiology - encontrámos uma teoria muito interessante sobre a visão que os povos europeus e nativos americanos têm face aos grandes predadores.
Apesar de consumirem grandes quantidades de proteína animal, os povos europeus seguidores da tradição filosófica ocidental tendem a ver-se a si próprios como presas e como consequência têm um medo exagerado dos grandes predadores. Por outro lado, os seguidores das tradições filosóficas indígenas têm a perspectiva oposta, i.e., consideram-se a si próprios como predadores e por este motivo admiram e respeitam animais como o lobo, com quem partilham o mesmo papel ecológico. 
Esta diferença de perspectiva deu origem a manifestações culturais antagónicas: se na Península Ibérica encontramos fojos e lendas em que o lobo é invariavelmente o vilão, nas culturas dos Nativos Americanos encontramos histórias que reconhecem os lobos como mestres, guias de caça e de atitude perante a vida. 

As encostas primaveris do Rio Côa




Vale a pena descobrir o rico património natural e cultural das encostas do Côa que agora, em pleno esplendor primaveril, mostram recantos e contornos de grande beleza e interesse. Ontem, bem acompanhados por amigos de São Pedro do Rio Seco, tivemos o prazer de percorrer estas agrestes encostas onde em tempos passados lobos e pastores vigiavam os grandes rebanhos que por ali abundavam.

sábado, 12 de maio de 2012

Humor Jornalístico dos anos 20


Este divertido excerto  foi retirado do jornal Notícias de Pinhel de 5 de Março de 1923 e ilustra a opinião acerca do lobo típica destes tempos. Ainda que na actualidade esta espécie não seja vista com bons olhos pela maioria dos populares, verificou-se uma evolução notória na abordagem da imprensa a este animal (que recolhe progressivamente mais simpatizantes e apoiantes). As "feras" e os "feroses carnívoros" são expressões que felizmente caíram em desuso, tendo sido substituídas por "predadores de topo", "espécie ameaçada" entre outras. Estas últimas, sem exageros ou fantasias, baseiam-se em conceitos científicos de Ecologia e Conservação da Natureza que forçosamente retratam este animal de uma forma mais isenta e assertiva.

domingo, 6 de maio de 2012

A Lua e o uivo do Lobo




Esta noite fomos presenteados por uma lua cheia especialmente forte que certamente iluminou o caminho de muitos lobos no nosso país. A associação da lua cheia ao uivo do lobo faz parte do imaginário popular, um símbolo de mistério que poderá ter uma explicação bem prática e nada mística. As antigas ligações a pé entre aldeias, realizadas durante a noite por serras e florestas, seriam ocasiões propícias à criação deste mito. Estas caminhadas seriam feitas preferencialmente em noites de luar forte por motivos de segurança e orientação, fazendo com que mais gente estivesse na serra e aumentasse a probabilidade de se encontrar um lobo por perto. Por este motivo o uivo, um método de comunicação intraespecífico muito frequente e distintivo, ficaria definitivamente associado a esta fase da lua, embora possa acontecer nas suas diversas fases e em diferentes períodos circadianos
Esta é apenas uma hipótese de explicação, se conhece ou sugere outra partilhe-a connosco.

Mito ou não,  um lobo a uivar ao luar é uma imagem que ainda nos fascina e permanece como um símbolo da natureza desconhecida. Esperemos que se tenha feito escutar algures por terras raianas.

sábado, 5 de maio de 2012

Malcata: lince no rasto de um lobo



O desaparecimento do Lince-ibérico (Lynx pardinus) dos matagais da Reserva Natural da Serra da Malcata (RNSM) provocou uma "depressão" ecoturística e mediática do (ainda muito rico e assinalável) património natural desta Área Protegida. Este fenómeno desfavoreceu largamente os concelhos raianos de Penamacor e Sabugal,  região onde a espécie sempre foi a alma e o símbolo das suas suaves serranias. Infelizmente, por motivos variados, o regresso deste felino pode ainda tardar uns anos largos, mais do que as gentes e a reserva mereciam. 
Consideramos que o regresso e estabilidade de um núcleo lupino na RNSM e respectiva área de influência é actualmente possível e desejável considerando as vertentes ecológicas e turísticas locais. O lobo, não tendo obviamente o mesmo valor emocional que o lince na região, é por si só uma espécie emblemática que sempre esteve presente na reserva e freguesias circundantes. É uma bandeira ambiental e turística que agora pode e deve regressar. Adicionalmente, a presença de um núcleo lupino estável poderá criar condições de habitat favoráveis ao regresso do lince, nomeadamente no que respeita à disponibilidade de coelho-bravo, classe-presa preferencial do super selectivo lince. O lobo, se presente, poderá controlar os efectivos de pequenos carnívoros consumidores de coelho (como a raposa) e "desbastar" as altas densidades de javali, espécie que pela sua ecologia e comportamento pode ter impacto negativo na reprodução desta espécie-presa.
Actualmente existem condições ecológicas suficientes para "acolher" o lobo na RNSM: o corço está presente na região Centro/Norte da Reserva e zonas limítrofes, a presença de veado (apesar de extremamente irregular) já foi detectada na faixa Centro/Sul e o javali abunda em toda a área protegida.
Todos estes factores fazem-nos pensar que o regresso do lobo à Malcata seria positivo para a população lupina a sul do Rio Douro, para o lince, para a reserva e, em última análise, para toda uma região. 
Salvemos o lobo, o lince e a Serra da Malcata.